quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Dois mil e

Acabou a festa, acabou o ano.
Não peça licença 2009, entra!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Reticências

E assim a gente segue, vira o ano tentando virar outra pessoa.
Aquela que sabe contornar as mesmas ondas puladas na grande festa.
Escrevo como quem acaba de nascer, como quem não sabe falar de sentimento, como quem chega aonde não pisa há dois anos, como quem só quer fumar um cigarro...
Na estrada o breu é você quem escolhe, os olhos não ofuscam para o farol dos carros, mas quando há vida em corpos de meninas de colo e senhoras de pernas inchadas no banco desconfortável do ônibus.Descemos meio assustados com a neblina do dia, não conheço ninguém e coloco a sobrancelha-de-pé no lugar com primos e seus abraços fortes regado a inocência que possuem...Encaro os mais velhos e conto uma novidade
-Vê, não sou a mesma!
Difícil! A indiferença persegue, condena e fala de escolhas causando no peito do estranho a dor.
Peito omisso, incapaz de encarnar a Carlota Joaquina sem coroa e sem o pó...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Colar

"a solidão da bravura
a solidão do medo
a solidão da usura
a solidão da coragem
a solidão da bobagem
a solidão da virtude
a solidão da viagem
a solidão do erro
a solidão do sexo
a solidão do zelo
a solidão do nexo"

Elisa Lucinda

domingo, 14 de dezembro de 2008

Vácuo

Hoje eu lavo as mãos, deixarei a água escorrer junto com o meu corte e a renúncia.Você me enjoa, sabia?
Acha que não percebo esse jeito manso de estampar o desprezo nesse olhar falso.
Quer saber eu te gosto menos ainda.
Calculava cada passo e palavra pra chegar até você, até as vezes em que prendia meus fios de cabelo.
Faz três minutos e descobri, é uma luta vã, de alma inquieta tentando se aproximar de uma pessoinhazinha.
Acabou, hoje tiro o meu luto do armário.
Saia donzela mascarada, não quero mais lembranças e nada vai atropelar o meu protesto.
Enquanto eu grito visto minhas asas, sou eu quem não quer você.Quero a janela e o tapete vermelho da liberdade!
Com o mesmo hoje que comecei eu termino, porém de braços abertos para viver sem apego.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Acacia agonis

E agora, era uma certeza e já não tem mais
Não consegue perceber.
Acho que não quer, come pão com manteiga duas vezes, risca o fósforo e
queima os dedos.Deixa queimar.
Não sai do lugar e a ferida morde a sua paciência
ouve o alarme e corre pra janela.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

?

Ah, essa sede que invejo nas pessoas que amo!Por que me falta nessa hora Mario de Andrade?

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Imutável

Mentalidade
metal idade
das massas
saiam de casa
saiam da sala
pra ler poesia
Sai e gritei
hoje quero amor
a sós? quantos quiser
ao sol depois
amor agora
amor de maria ana e josé

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Buzios ao vento

Toca pra mim
não foge
preciso do seu canto
vai de Noel hoje
quer
ai minha senhora
tenho medo
você
não vai pedir mais
café pra dois

domingo, 30 de novembro de 2008

O poeta é a Mãe das Armas

A poesia é o pai da ar-
timanha de sempre: quent
ura no forno quente
do lado de cá, no lar
das coisas malditíssimas;
alô poetas: poesia!
poesia poesia poesia poesia!

T. Neto

A fuga de Maomé

Maomé fugiu na chuva
em busca da sua quarta vida
virou a esquina
tomou conhaque e confundiu quem ouvia
falou de guerras, prâna e metafísica
Encurrala sem tocar junto aos califas
Maomé não briga
gosta da nudez cerebral
o narciso fala de início e árvores
As moças da calçada
atravessam a rua

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Artigo : 45 do segundo tempo




Corpo - arquivo vivo .

Quando é necessário fazer um recorte histórico, no qual o enfoque é o corpo, surge uma grande dificuldade pelo tema ser painel onde o homem imprime suas regras, normas de conduta e padrões.

Essa entrave se mantém devido as diversas formas de abordagem. Eis que nasce o reconhecimento do dever antropológico pautado na compreensão do homem e sociedade, através da coleta de dados e do olhar.Olhar a alteridade, olhar o corpo.
Cada sociedade se expressa com um corpo, visto que ele representa o sustentáculo desta, nele ela se apoia e narra a sua ordem histórica (seu passo).
Nesse momento o corpo se faz objeto de visibilidade humana pela sua materialidade polissêmica. Corpo falange da memória, arquivo incompleto.


Foto - Priscilla Vilarinho

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Trânsito

Vai, entra...sou forte, vê?
Não, devagar, não posso dar esse mole com todos aqui
me solta.
Esqueceu que é a natureza em você e natural de você.
Prende o riso, foi alto.Diz, você conhece essa banda e curte.Qual era o nome daquele vocalista, ele separou cinco vezes e batia na...ah! esqueci.Acometido, acomedido...de novo, sem atropelar a palavra.
Não foi dessa vez.Outra vez? Repete o rito, observa sem errar.

Dor de cabeça

Quando não é comum, assusta.
H(ouve)?
Minha energia, o pulso e o susto.
Estranhei o que era pra ser cotidiano sol sem dias nublados,
a felicidade.
Não era a da Clarice, mas tinha seu quê clandestino
banhado de vinho e insônia.
Podia ser Clarice mas era outra pelo telefone.
Era o justo, o casto e o confuso naquela dor latente ainda assim
consegui dormi.

sábado, 22 de novembro de 2008

Chuva emudece

Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!

Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...

Quem eu pudera ter sido,
Que é dele?
Entre ódios pequenos
De mim, 'stou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!

Fernando Pessoa

Não

Sempre fui alguém implicante com o não
figa para não recebê-lo, meditação em sim, teimosia.
Mas agora é o meu não que vai dizer
Não sabe o que faz
cala, aceita, toce, engoli a chance e a coragem da sua vez...

Para estréia e síntese: Manoel Bandeira

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento...de desencanto
Fecha meu livro, se por agora
Não tens motivo algum de pranto.
Meu verso é sangue...volúpia ardente
Tristeza esparsa...remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota à gota, do coração.
E nesses versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.