Ela não aguenta, mas por amor insiste.
AMOR
Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
Paulo Leminski
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
CHAPTER 1 . Choro contido no retorno para casa
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Fome?
Numa noite duvidou que era líquido, eu cheia de certeza que sou, confirmei: és líquido!
Líquido que carrega consigo o gosto acre nos lábios
lábios meus que sentem o mesmo sabor
mergulhados, banhados por lágrimas que fazem curvas na dor
No dia espero, sem dormir, o que era azedo se adocicar
diluido em desculpas e resignação
Veja como provoca o meu paladar
em você minha língua se debruça nas madrugas
é você quem me provoca a fome nos instantes de saudade
sem vergonha alguma lavo o rosto e me atiro no vento,
desculpa, desculpas
De novo encontro a sua boca
boca essa líquida na minha
sinto dor, sinto sabor meu, seu, sinto o amor que se instaura em minha carne, sou sua, não saia daqui, fica quieto, não levanta e não vira as costas porque eu tenho medo, muito, me...
Líquido que carrega consigo o gosto acre nos lábios
lábios meus que sentem o mesmo sabor
mergulhados, banhados por lágrimas que fazem curvas na dor
No dia espero, sem dormir, o que era azedo se adocicar
diluido em desculpas e resignação
Veja como provoca o meu paladar
em você minha língua se debruça nas madrugas
é você quem me provoca a fome nos instantes de saudade
sem vergonha alguma lavo o rosto e me atiro no vento,
desculpa, desculpas
De novo encontro a sua boca
boca essa líquida na minha
sinto dor, sinto sabor meu, seu, sinto o amor que se instaura em minha carne, sou sua, não saia daqui, fica quieto, não levanta e não vira as costas porque eu tenho medo, muito, me...
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Sorte de (quase) todos os dias
Céu, tão grande é o céu e bandos de nuvens que passam ligeiras
Pra onde elas vão, ah! eu não sei, não sei
E o vento que fala nas folhas contando as histórias que são de ninguém
Mas que são minhas e de você também
Ah! Dindi
Se soubesses do bem que eu te quero
O mundo seria, Dindi, tudo, Dindi, lindo Dindi
Ah! Dindi
Se um dia você for embora me leva contigo, Dindi
Fica, Dindi, olha Dindi
E as águas deste rio aonde vão eu não sei
A minha vida inteira esperei, esperei
Por você, Dindi
Que é a coisa mais linda que existe
Você não existe, Dindi
Olha, Dindi
Adivinha, Dindi
Deixa, Dindi
Que eu te adore, Dindi
Pra onde elas vão, ah! eu não sei, não sei
E o vento que fala nas folhas contando as histórias que são de ninguém
Mas que são minhas e de você também
Ah! Dindi
Se soubesses do bem que eu te quero
O mundo seria, Dindi, tudo, Dindi, lindo Dindi
Ah! Dindi
Se um dia você for embora me leva contigo, Dindi
Fica, Dindi, olha Dindi
E as águas deste rio aonde vão eu não sei
A minha vida inteira esperei, esperei
Por você, Dindi
Que é a coisa mais linda que existe
Você não existe, Dindi
Olha, Dindi
Adivinha, Dindi
Deixa, Dindi
Que eu te adore, Dindi
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Etecetera das madrugadas
Como tudo pode num sonho
sonhei que subiu as escadas do meu prédio
ficou na sala me esperando dormir e nunca mais saiu.
sonhei que subiu as escadas do meu prédio
ficou na sala me esperando dormir e nunca mais saiu.
terça-feira, 21 de julho de 2009
Berra, berra teu amor, Hilda!
Prelúdios-intensos para os desmemoriados do amor
Hilda Hist
I
Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca
Austera. Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute
Em cadência minha escura agonia.
Tempo do corpo este tempo, da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida
A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo.
Te descobres vivo sob um jogo novo.
Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa. De púrpura. De prata. De delicadeza.
II
Tateio. A fronte. O braço. O ombro.
O fundo sortilégio da omoplata.
Matéria-menina a tua fronte e eu
Madurez, ausência nos teus claros
Guardados.
Ai, ai de mim. Enquanto caminhas
Em lúcida altivez, eu já sou o passado.
Esta fronte que é minha, prodigiosa
De núpcias e caminho
É tão diversa da tua fronte descuidada.
Tateio. E a um só tempo vivo
E vou morrendo. Entre terra e água
Meu existir anfíbio. Passeia
Sobre mim, amor, e colhe o que me resta:
Noturno girassol. Rama secreta.
(...)
Hilda Hist
I
Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca
Austera. Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute
Em cadência minha escura agonia.
Tempo do corpo este tempo, da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida
A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo.
Te descobres vivo sob um jogo novo.
Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa. De púrpura. De prata. De delicadeza.
II
Tateio. A fronte. O braço. O ombro.
O fundo sortilégio da omoplata.
Matéria-menina a tua fronte e eu
Madurez, ausência nos teus claros
Guardados.
Ai, ai de mim. Enquanto caminhas
Em lúcida altivez, eu já sou o passado.
Esta fronte que é minha, prodigiosa
De núpcias e caminho
É tão diversa da tua fronte descuidada.
Tateio. E a um só tempo vivo
E vou morrendo. Entre terra e água
Meu existir anfíbio. Passeia
Sobre mim, amor, e colhe o que me resta:
Noturno girassol. Rama secreta.
(...)
Já é se for sendo
"Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura."
Guimarães Rosa - Grande Sertão Veredas(1956)
Guimarães Rosa - Grande Sertão Veredas(1956)
Divido o segredo com Clarice
O meu segredo
Algo está sempre por acontecer.
O imprevisto improvisado e fatal me fascina.
Já entrei contigo em comunicação tão forte que deixei de existir sendo.
Você tornou-se um eu.
É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas.
É tão silencioso.
Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois?
Dificílimo contar: olhei para você fixamente por uns instantes.
Tais momentos são o meu segredo.
Houve o que se chama de comunhão perfeita.
Eu chamo isto de estado agudo de felicidade.
(Clarice Lispector)
Algo está sempre por acontecer.
O imprevisto improvisado e fatal me fascina.
Já entrei contigo em comunicação tão forte que deixei de existir sendo.
Você tornou-se um eu.
É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas.
É tão silencioso.
Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois?
Dificílimo contar: olhei para você fixamente por uns instantes.
Tais momentos são o meu segredo.
Houve o que se chama de comunhão perfeita.
Eu chamo isto de estado agudo de felicidade.
(Clarice Lispector)
Companhia : Rodrigo
Novidade estranha
novidade sem cartaz pra solidão
sem a disposição melancólica
novidade de existir
dizer o que quer
comer o que pedir
comer você
e no líquido ovular
para gerar
congelar
para em todas as minhas melhores épocas
parir você e sentir o cheiro que lhe é peculiar
novas dores e dedos entre fios que tecem a espera e
anulam a angústia ao
ler Hilda e Clarice
oxigeno o desejo
repito o beijo
desfruto
respiro e
gozo
enquanto for pra tanta novidade
domingo, 21 de junho de 2009
Não sou como Oscar Wilde
"Quando quero muito a alguém,não digo nunca
o seu nome a ninguém.Seria como renunciar a uma parte dele.
Aprendi a amar o segredo.Parece ser a única coisa que pode tornar-nos
a vida moderna misteriosa ou maravilhosa.
A coisa mais vulgar nos parece deliciosa,se alguém no-la oculta.
Quando saio da cidade,não digo aos meus aonde eu vou.Se o fizesse,perderia
todo meu prazer"
Oscar W, manteve o silêncio, eu não consigo!
o seu nome a ninguém.Seria como renunciar a uma parte dele.
Aprendi a amar o segredo.Parece ser a única coisa que pode tornar-nos
a vida moderna misteriosa ou maravilhosa.
A coisa mais vulgar nos parece deliciosa,se alguém no-la oculta.
Quando saio da cidade,não digo aos meus aonde eu vou.Se o fizesse,perderia
todo meu prazer"
Oscar W, manteve o silêncio, eu não consigo!
Sem perfume
E assim despertam e
reijeitam
enquanto preparo o concreto
eram assim beija-flores em mim
velozes
podia contar quantas vezes as asas batiam
ora com ritmo outras sem
roubam o pólen e meu vigor
o pouco doce que restou
se reversam e não consigo multiplicar
Talvez a vontade se alimenta na sede
e não acaba
mas eu nunca sei de nada
reijeitam
enquanto preparo o concreto
eram assim beija-flores em mim
velozes
podia contar quantas vezes as asas batiam
ora com ritmo outras sem
roubam o pólen e meu vigor
o pouco doce que restou
se reversam e não consigo multiplicar
Talvez a vontade se alimenta na sede
e não acaba
mas eu nunca sei de nada
terça-feira, 19 de maio de 2009
Rudá Poronominare de Andrade
Rudá de 1 a 3
voz de quem nasce
voz diferente
seus criadores
dele (re)sentimento
experimentar criaturas
memória de seus olhos
cinema de sua mente
agrida nossos ouvidos
e nosso comportamento
dai-nos Senhor
o rudá nosso de cada dia
tudo é sempre
uma questão
de disciplina ou esbórnia
heloisa jahn
voz de quem nasce
voz diferente
seus criadores
dele (re)sentimento
experimentar criaturas
memória de seus olhos
cinema de sua mente
agrida nossos ouvidos
e nosso comportamento
dai-nos Senhor
o rudá nosso de cada dia
tudo é sempre
uma questão
de disciplina ou esbórnia
heloisa jahn
segunda-feira, 18 de maio de 2009
domingo, 3 de maio de 2009
Você já entrou?
terça-feira, 28 de abril de 2009
Querer mentira
Não sei explicar
é a falta que me faz gostar
podia ser diferente
mas comigo é sem sorte
cansei! vai essa mesmo
pode apertar e constranger
mas é a melhor roupa que me cabe
sem caber
com ela sou sexy symbol, sex assim com a barriga de fora, seios e receio pra fora
fico no espelho, viro abaixo danço e me mexo
saio de casa e quebro o salto
quase caio
levanto e tento calar quem viu
na verdade
na verdade tá feio, muito feio
não consigo murchar
mesmo assim vou usar essa peça outro dia
é a falta que me faz gostar
podia ser diferente
mas comigo é sem sorte
cansei! vai essa mesmo
pode apertar e constranger
mas é a melhor roupa que me cabe
sem caber
com ela sou sexy symbol, sex assim com a barriga de fora, seios e receio pra fora
fico no espelho, viro abaixo danço e me mexo
saio de casa e quebro o salto
quase caio
levanto e tento calar quem viu
na verdade
na verdade tá feio, muito feio
não consigo murchar
mesmo assim vou usar essa peça outro dia
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Olha o que você tá fazendo, menina!
Acho que devia parar
parar
Ando depressa demais, não tenho calma
porque não consigo achar
Se paro todo cambia e me perco.
Mas andar sem rumo pode ser devagar e perigoso, mas, mas...
talvez me encontre sem machucar.
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em
torturar, esganar,trucidar
Meu coração fecha aos olhos e sinceramente chora...''
Chico e Ruy Guerra
parar
Ando depressa demais, não tenho calma
porque não consigo achar
Se paro todo cambia e me perco.
Mas andar sem rumo pode ser devagar e perigoso, mas, mas...
talvez me encontre sem machucar.
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em
torturar, esganar,trucidar
Meu coração fecha aos olhos e sinceramente chora...''
Chico e Ruy Guerra
domingo, 4 de janeiro de 2009
Caio Fernando Abreu
Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.
Frágil - prefiro que alguém diga por mim.
Frágil - prefiro que alguém diga por mim.
sábado, 3 de janeiro de 2009
Eu Neruda
Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
WALKING AROUND
Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.
Todavia, seria delicioso
assustar um notário com um lírio cortado
ou matar uma freira com um soco na orelha.
Seria belo
ir pelas ruas com uma faca verde
e aos gritos até morrer de frio.
Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas.
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
WALKING AROUND
Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.
Todavia, seria delicioso
assustar um notário com um lírio cortado
ou matar uma freira com um soco na orelha.
Seria belo
ir pelas ruas com uma faca verde
e aos gritos até morrer de frio.
Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas.
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