domingo, 30 de novembro de 2008

O poeta é a Mãe das Armas

A poesia é o pai da ar-
timanha de sempre: quent
ura no forno quente
do lado de cá, no lar
das coisas malditíssimas;
alô poetas: poesia!
poesia poesia poesia poesia!

T. Neto

A fuga de Maomé

Maomé fugiu na chuva
em busca da sua quarta vida
virou a esquina
tomou conhaque e confundiu quem ouvia
falou de guerras, prâna e metafísica
Encurrala sem tocar junto aos califas
Maomé não briga
gosta da nudez cerebral
o narciso fala de início e árvores
As moças da calçada
atravessam a rua

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Artigo : 45 do segundo tempo




Corpo - arquivo vivo .

Quando é necessário fazer um recorte histórico, no qual o enfoque é o corpo, surge uma grande dificuldade pelo tema ser painel onde o homem imprime suas regras, normas de conduta e padrões.

Essa entrave se mantém devido as diversas formas de abordagem. Eis que nasce o reconhecimento do dever antropológico pautado na compreensão do homem e sociedade, através da coleta de dados e do olhar.Olhar a alteridade, olhar o corpo.
Cada sociedade se expressa com um corpo, visto que ele representa o sustentáculo desta, nele ela se apoia e narra a sua ordem histórica (seu passo).
Nesse momento o corpo se faz objeto de visibilidade humana pela sua materialidade polissêmica. Corpo falange da memória, arquivo incompleto.


Foto - Priscilla Vilarinho

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Trânsito

Vai, entra...sou forte, vê?
Não, devagar, não posso dar esse mole com todos aqui
me solta.
Esqueceu que é a natureza em você e natural de você.
Prende o riso, foi alto.Diz, você conhece essa banda e curte.Qual era o nome daquele vocalista, ele separou cinco vezes e batia na...ah! esqueci.Acometido, acomedido...de novo, sem atropelar a palavra.
Não foi dessa vez.Outra vez? Repete o rito, observa sem errar.

Dor de cabeça

Quando não é comum, assusta.
H(ouve)?
Minha energia, o pulso e o susto.
Estranhei o que era pra ser cotidiano sol sem dias nublados,
a felicidade.
Não era a da Clarice, mas tinha seu quê clandestino
banhado de vinho e insônia.
Podia ser Clarice mas era outra pelo telefone.
Era o justo, o casto e o confuso naquela dor latente ainda assim
consegui dormi.

sábado, 22 de novembro de 2008

Chuva emudece

Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!

Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...

Quem eu pudera ter sido,
Que é dele?
Entre ódios pequenos
De mim, 'stou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!

Fernando Pessoa

Não

Sempre fui alguém implicante com o não
figa para não recebê-lo, meditação em sim, teimosia.
Mas agora é o meu não que vai dizer
Não sabe o que faz
cala, aceita, toce, engoli a chance e a coragem da sua vez...

Para estréia e síntese: Manoel Bandeira

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento...de desencanto
Fecha meu livro, se por agora
Não tens motivo algum de pranto.
Meu verso é sangue...volúpia ardente
Tristeza esparsa...remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota à gota, do coração.
E nesses versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.